HISTÓRIA DA VILA POPULAR
ou VILA BERNARDO VIEIRA DE MELO
Distrito RPA 4 - Área Total
0,57 km² - População Total 5 216
Contam os antigos e históricos moradores da Vila Popular
ou Vila Bernardo Vieira de Melo, que nos anos de 1936, Surgiu uma parceria dos
governantes para uma vila, próxima a capital Recife, para atrair os
trabalhadores da grande fábrica Tacaruna, para que aumentasse o numero
moradores de Olinda, tanto que até hoje Olinda ostenta e procura mudar este titulo
de cidade dormitório.
Aí, pela data que
se aproximava do Grito que libertou Olinda, por Bernardo Vieira de Melo, em 10
de Novembro, colocaram o nome em homenagem ao mesmo.
Logo após, com a grande ressaca que ouve na década de
1950, estiveram que fazer algumas casas populares, para abrigar algumas
famílias que ficaram desalojadas. Com tudo isso, dividiu o nome, Vila das Casas
Populares e a Vila Bernardo Vieira de Melo. Mais tarde, pela facilidade dos órgãos
governamentais, como por exemplo: Correios e Telégrafos e outros, estiveram que
unificar os endereços para um só nome, aí ficou VILA POPULAR.
Até hoje existem comentários da Vila Velha, que é a parte
que esta marcada no mapa em azul e a vila das casas populares em vermelho.
CONHEÇA TAMBÉM A HITÓRIA DE BERNARDO VIEIRA DE MELO
A proclamação de um
lutador
Novembro
assinala a Proclamação da República brasileira. Passaram-se 125 anos, mas,
acredite, a história vem de antes, de muito antes. Antes da Revolução Francesa,
cerca de setenta anos; em torno de sessenta anos antes da independência dos
Estados Unidos; e quase um século antes da Inconfidência Mineira.
O
primeiro grito de República deste país e das Américas aconteceu no Senado da
Câmara de Olinda, há mais de trezentos anos. Ali, no dia 10 de novembro de
1710, escutou-se a voz corajosa do sargento-mor Bernardo Vieira de Melo. Ao
reivindicar a independência de Pernambuco, no entanto, insurgiu-se contra
Portugal, o que lhe traria dissabores.Logo ele, sargento-mor, filho do capitão
de ordenança, fidalgo e cavaleiro da Casa RealBernardo Vieira de Melo; e neto de
Antônio Vieira de Melo, primeiro nobre português a aqui chegar, em 1654, tão
logo se deu a invasão holandesa!
Ao
regressar vitorioso do Quilombo dos Palmares, em 1695, Bernardo Vieira de Melo
foi nomeado governador e capitão-mor da capitania do Rio Grande do Norte,
pacificando a região ao combater os índios janduís. Quinze anos depoisfoi
nomeado comandante do terço de linha do Recife, uma nova concepção pela qual o
exército passava a ser constituído por duas categorias de militares: a
principal − mais tarde chamadaprimeira linha − constituída por tropas
profissionais,ou pagas, como se preferia na época, organizadas em Terços de Infantaria, Companhias de Cavalaria e Troços de Artilharia.
Ocorre
que mais o tempo passava mais crescia a hostilidade entre a nobreza de Olinda e
a burguesia do Recife, até que em 10 de novembro de 1710, revoltados com as
concessões de Portugal aos recifenses, os nobres olindenses sublevaram-se.
Eclodiu o conflito que ficaria conhecido como a Guerra dos Mascates.
Após
destituir o governador Sebastião de Castro e Caldas, que fugiu para Salvador,
Bernardo Vieira de Melo deu, no Senado da Câmara de Olinda,de que era vereador,
o primeiro grito de República do Brasil. Inflamado, propunha o rompimento com
Portugal e, se necessário fosse, alinhamento aos franceses.
No desdobrar
dos fatos, foi empossado governador obispo Manuel Álvares da Costa que, tal
qual um Pilatos de olho na governança lavou as mãos na água turva de um caso
tenebroso. Logo, no entanto,foi deposto do cargo, até que em 1711 chegou a
Pernambuco o novo governador, Félix José Machado de Mendonça Eça Castro e
Vasconcelos, que exigiu Dom Manuel fosse reconduzido à governança, para dele
recebê-la.
Derrotado
o movimento republicano, Bernardo Vieira de Melo foi condenado por crime de
lesa--majestade e inconfidência. Com seus companheiros derrotados na Guerra dos
Mascates, foi preso e recolhido inicialmente ao Forte de São João Batista do
Brum, no Recife, e em seguida embarcado para Lisboa, juntamente com o
segundo-tenente André Vieira de Melo, seu filho, também prisioneiro.
Na vida,
contudo, mesmo homensplenos de grandiosidade são capazes de inomináveis
mesquinharias, embora no caso específico deva ser considerado que há trezentos
anos o funcionamento da Justiça era rudimentar.
No
Brasil Colônia, a jurisdição era de ordem privada, porque os donatários das
capitanias recebiam de Portugal amplos poderes para governar os territórios que
lhes eram entregues.Esses senhores arbitravam o direito das partes em todos os
níveis, fosse cível, criminal, administrativo ou militar. Já no familiar, a
competência jurisdicional pertenciaao poder eclesiástico, então íntimo da
Coroa.
Os
índios, os escravos e os peões eram, como ocorre aos desvalidos de hoje,
punidos com os castigos mais cruéis. Em 1549, por exemplo, um índio que matou um
colono foi amarrado à boca de um canhão que, com o disparo, reduziu-lhe o corpo
a pequenos pedaços.
Em torno
de 1774, José César de Menezes, governador de Pernambuco, mandou matar o
criminoso "Cabeleira", mesmo tendo apenas um voto entre os membros da
junta julgadora do feito. Já Pinto Madeira, do Crato, Ceará, autor de um
assassinato, não teve direito a recorrer da sentença de morte que lhe foi
imposta, apesar de aquele direito constar da legislação vigente.Em 1822, foram
executados, sem nenhum processo, mais de cinquenta negros, por determinação de
um general francês que – pasme! -comandavao Exército Pacificador da Bahia.
Pacificador...
Nada,
porém, é tão abjeto quanto o que vem a seguir.
Suspeitando
de traição praticada por sua nora, Bernardo Vieira de Melo condenou-a à morte e
executou a pena sem nenhum protocolo judicial e, pincipalmente, sem piedade. Na
crônica policial de hoje, se diria um crime com requintes de perversidade.
Para
começar, Ana de Faria Souza, esposa de André Vieira de Melo, foi obrigada a
tomar uma dose de veneno misturado a um copo de caldo de galinha. Passaram-se
vinte minutos e ela permaneceu viva, como se nada houvesse ocorrido. Os
verdugosbuscaram outro veneno, ainda mais devastador, que a exemplo do primeiro
também não fez efeito. Decidiram, então, trazer um barbeiro para cortar-lhe as
veias do pescoço, mas a mulher pouco sangrava, continuando viva. Por fim, os
assassinosa asfixiaram, assim cumprindo seus tenebrosos propósitos.
Os
autores do crime? André,o supostamente marido traído de Ana, filho de Bernardo
Viera de Melo, e Dona Catarina Leitão, a temida mulher do herói pernambucano.
Lembra-se
do bispo? Dom Manoel Álvares da Costa poderia ter intercedido junto a Bernardo
Vieira de Melo em favor da mulher, mas só tinha olhos para o desfecho da
batalha entre olindenses e recifenses.
Já
Bernardo Vieira de Melo, por conta de sua atuação na Guerra dos Mascates
(Recife foi vitorioso), foi condenado e transferido, junto com o filho André
Vieira de Melo, para a Cadeia do Limoeiro, em Lisboa.
Ali, na
noite fria 10 de janeiro de 1714, acendeu em sua cela um fogareiro a carvão, e
morreu intoxicado por gás carbônico. Morte inglória para o bravo guerreiro de
tantas batalhas.
Com toda
a sua grandeza e também com toda a sua vilania, Bernardo Vieira de Melo está na
memória pernambucana.Não pelo seu lado sórdido, mas pela inspiração libertária
que continua a servir de exemplo.
Com
justo motivo ele dánome à principal avenida de Jaboatão dos Guararapes, onde
nasceu em 1658, e também a uma das mais importantes e movimentadas avenidas de
Natal, capital do Rio Grande do Norte, que governou.
Como
para confirmar o verso do hino de Pernambuco que diz "ARepública é Filha
de Olinda", no frontispício das ruínas do Senado da Câmara olindense está
escrito: “Aqui, em 10 de novembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo deu o
primeiro grito em favor da fundação da República entre nós”.
Aquele
grito ecoa até hoje.
Matéria
e Pesquisa :
Alexandre Neto