sábado, 23 de janeiro de 2016

VILA POPULAR, A VILA DO CORAÇÃO DE OLINDA

HISTÓRIA DA VILA POPULAR  ou VILA BERNARDO VIEIRA DE MELO
Distrito  RPA 4           -          Área     Total  0,57 km²     -     População Total  5 216

Contam os antigos e históricos moradores da Vila Popular ou Vila Bernardo Vieira de Melo, que nos anos de 1936, Surgiu uma parceria dos governantes para uma vila, próxima a capital Recife, para atrair os trabalhadores da grande fábrica Tacaruna, para que aumentasse o numero moradores de Olinda, tanto que até hoje Olinda ostenta e procura mudar este titulo de cidade dormitório.
Aí,  pela data que se aproximava do Grito que libertou Olinda, por Bernardo Vieira de Melo, em 10 de Novembro, colocaram o nome em homenagem ao mesmo.
Logo após, com a grande ressaca que ouve na década de 1950, estiveram que fazer algumas casas populares, para abrigar algumas famílias que ficaram desalojadas. Com tudo isso, dividiu o nome, Vila das Casas Populares e a Vila Bernardo Vieira de Melo. Mais tarde, pela facilidade dos órgãos governamentais, como por exemplo: Correios e Telégrafos e outros, estiveram que unificar os endereços para um só nome, aí ficou VILA POPULAR.

Até hoje existem comentários da Vila Velha, que é a parte que esta marcada no mapa em azul e a vila das casas populares em vermelho.

CONHEÇA TAMBÉM A HITÓRIA DE BERNARDO VIEIRA DE MELO

A proclamação de um lutador
Novembro assinala a Proclamação da República brasileira. Passaram-se 125 anos, mas, acredite, a história vem de antes, de muito antes. Antes da Revolução Francesa, cerca de setenta anos; em torno de sessenta anos antes da independência dos Estados Unidos; e quase um século antes da Inconfidência Mineira.
O primeiro grito de República deste país e das Américas aconteceu no Senado da Câmara de Olinda, há mais de trezentos anos. Ali, no dia 10 de novembro de 1710, escutou-se a voz corajosa do sargento-mor Bernardo Vieira de Melo. Ao reivindicar a independência de Pernambuco, no entanto, insurgiu-se contra Portugal, o que lhe traria dissabores.Logo ele, sargento-mor, filho do capitão de ordenança, fidalgo e cavaleiro da Casa RealBernardo Vieira de Melo; e neto de Antônio Vieira de Melo, primeiro nobre português a aqui chegar, em 1654, tão logo se deu a invasão holandesa!
Ao regressar vitorioso do Quilombo dos Palmares, em 1695, Bernardo Vieira de Melo foi nomeado governador e capitão-mor da capitania do Rio Grande do Norte, pacificando a região ao combater os índios janduís. Quinze anos depoisfoi nomeado comandante do terço de linha do Recife, uma nova concepção pela qual o exército passava a ser constituído por duas categorias de militares: a principal − mais tarde chamadaprimeira linha − constituída por tropas profissionais,ou pagas, como se preferia na época, organizadas em Terços de InfantariaCompanhias de Cavalaria Troços de Artilharia.
Ocorre que mais o tempo passava mais crescia a hostilidade entre a nobreza de Olinda e a burguesia do Recife, até que em 10 de novembro de 1710, revoltados com as concessões de Portugal aos recifenses, os nobres olindenses sublevaram-se. Eclodiu o conflito que ficaria conhecido como a Guerra dos Mascates.
Após destituir o governador Sebastião de Castro e Caldas, que fugiu para Salvador, Bernardo Vieira de Melo deu, no Senado da Câmara de Olinda,de que era vereador, o primeiro grito de República do Brasil. Inflamado, propunha o rompimento com Portugal e, se necessário fosse, alinhamento aos franceses.
No desdobrar dos fatos, foi empossado governador obispo Manuel Álvares da Costa que, tal qual um Pilatos de olho na governança lavou as mãos na água turva de um caso tenebroso. Logo, no entanto,foi deposto do cargo, até que em 1711 chegou a Pernambuco o novo governador, Félix José Machado de Mendonça Eça Castro e Vasconcelos, que exigiu Dom Manuel fosse reconduzido à governança, para dele recebê-la.
Derrotado o movimento republicano, Bernardo Vieira de Melo foi condenado por crime de lesa--majestade e inconfidência. Com seus companheiros derrotados na Guerra dos Mascates, foi preso e recolhido inicialmente ao Forte de São João Batista do Brum, no Recife, e em seguida embarcado para Lisboa, juntamente com o segundo-tenente André Vieira de Melo, seu filho, também prisioneiro.
Na vida, contudo, mesmo homensplenos de grandiosidade são capazes de inomináveis mesquinharias, embora no caso específico deva ser considerado que há trezentos anos o funcionamento da Justiça era rudimentar.
No Brasil Colônia, a jurisdição era de ordem privada, porque os donatários das capitanias recebiam de Portugal amplos poderes para governar os territórios que lhes eram entregues.Esses senhores arbitravam o direito das partes em todos os níveis, fosse cível, criminal, administrativo ou militar. Já no familiar, a competência jurisdicional pertenciaao poder eclesiástico, então íntimo da Coroa.
Os índios, os escravos e os peões eram, como ocorre aos desvalidos de hoje, punidos com os castigos mais cruéis. Em 1549, por exemplo, um índio que matou um colono foi amarrado à boca de um canhão que, com o disparo, reduziu-lhe o corpo a pequenos pedaços.
Em torno de 1774, José César de Menezes, governador de Pernambuco, mandou matar o criminoso "Cabeleira", mesmo tendo apenas um voto entre os membros da junta julgadora do feito. Já Pinto Madeira, do Crato, Ceará, autor de um assassinato, não teve direito a recorrer da sentença de morte que lhe foi imposta, apesar de aquele direito constar da legislação vigente.Em 1822, foram executados, sem nenhum processo, mais de cinquenta negros, por determinação de um general francês que – pasme! -comandavao Exército Pacificador da Bahia. Pacificador...
Nada, porém, é tão abjeto quanto o que vem a seguir.
Suspeitando de traição praticada por sua nora, Bernardo Vieira de Melo condenou-a à morte e executou a pena sem nenhum protocolo judicial e, pincipalmente, sem piedade. Na crônica policial de hoje, se diria um crime com requintes de perversidade.
Para começar, Ana de Faria Souza, esposa de André Vieira de Melo, foi obrigada a tomar uma dose de veneno misturado a um copo de caldo de galinha. Passaram-se vinte minutos e ela permaneceu viva, como se nada houvesse ocorrido. Os verdugosbuscaram outro veneno, ainda mais devastador, que a exemplo do primeiro também não fez efeito. Decidiram, então, trazer um barbeiro para cortar-lhe as veias do pescoço, mas a mulher pouco sangrava, continuando viva. Por fim, os assassinosa asfixiaram, assim cumprindo seus tenebrosos propósitos.
Os autores do crime? André,o supostamente marido traído de Ana, filho de Bernardo Viera de Melo, e Dona Catarina Leitão, a temida mulher do herói pernambucano.
Lembra-se do bispo? Dom Manoel Álvares da Costa poderia ter intercedido junto a Bernardo Vieira de Melo em favor da mulher, mas só tinha olhos para o desfecho da batalha entre olindenses e recifenses.
Já Bernardo Vieira de Melo, por conta de sua atuação na Guerra dos Mascates (Recife foi vitorioso), foi condenado e transferido, junto com o filho André Vieira de Melo, para a Cadeia do Limoeiro, em Lisboa.
Ali, na noite fria 10 de janeiro de 1714, acendeu em sua cela um fogareiro a carvão, e morreu intoxicado por gás carbônico. Morte inglória para o bravo guerreiro de tantas batalhas.
Com toda a sua grandeza e também com toda a sua vilania, Bernardo Vieira de Melo está na memória pernambucana.Não pelo seu lado sórdido, mas pela inspiração libertária que continua a servir de exemplo.
Com justo motivo ele dánome à principal avenida de Jaboatão dos Guararapes, onde nasceu em 1658, e também a uma das mais importantes e movimentadas avenidas de Natal, capital do Rio Grande do Norte, que governou.
Como para confirmar o verso do hino de Pernambuco que diz "ARepública é Filha de Olinda", no frontispício das ruínas do Senado da Câmara olindense está escrito: “Aqui, em 10 de novembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito em favor da fundação da República entre nós”.
Aquele grito ecoa até hoje.
Matéria e Pesquisa :
Alexandre Neto

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